Correios: déficit, atrasos, extravios e greve

 

 

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O Brasil acordou esta semana diante de mais uma paralisação nacional. Desta vez, são os funcionários dos Correios que protagonizam, por tempo indeterminado, uma greve que já atinge 22 estados e o Distrito Federal. A interrupção parcial dos trabalhos na autarquia e o iminente prejuízo nos serviços prestados à população colocam em pauta uma discussão recorrente nos últimos tempos: o monopólio em uma atividade de suma importância para o país.

É cada vez mais difícil assimilar que os Correios – responsáveis por um serviço que movimenta verticalmente a economia do país – ainda operem com diversos problemas internos, alto endividamento, sucateamento de serviços e tenham se transformado, ao longo dos anos, em um abrigo de indicações políticas que provocam interferências em sua administração, o que pode culminar no favorecimento do ‘jogo de interesses’.

 

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Muitos já reconhecem que a privatização da estatal se apresenta como a solução mais inteligente. No início do ano passado, essa possibilidade foi aventada pelo governo, mas a ideia de vender os Correios para a iniciativa privada e, desta forma, conceder autonomia de gestão não avançou. De acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, os Correios fecharam 2017 com um déficit de mais de R$ 1 bilhão. 

Em dezembro, um relatório do Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) apontou que em cinco anos (de 2011 a 2016) o patrimônio líquido dos Correios, ou seja, a diferença entre os ativos e o passivo, encolheu 92,63%. Além da perda patrimonial, há também o aumento do endividamento da empresa e sua maior dependência de capitais de terceiros. Números que só reforçam a tese de que o caminho é mesmo a privatização, sob pena de os serviços sofrerem um colapso dentre em breve. 

 

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Sobre a greve — A paralisação dos funcionários dos Correios começou na noite de domingo (11/3) e tem caráter, a princípio, parcial, ou seja, parte das agências está aberta. No entanto, a ação é pulverizada e atinge tanto os setores de atendimento como de distribuição. Dos Estados que ainda não aderiram à paralisação, Amazonas e Amapá estão em ‘estado de greve’, ou seja, a qualquer momento podem parar. Em Roraima e Sergipe não há expectativa de greve. 

De acordo com os sindicatos, as principais motivações para interrupção dos trabalhos são a falta de novos concursos, a manutenção do programa de demissão voluntária, as mudanças no plano de saúde dos funcionários, que envolvem a cobrança de mensalidades do titular e de dependentes, e – ironicamente – possibilidade de privatização dos Correios.