O inimigo agora é outro

MINIATURA

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A aprovação do Estado de Calamidade Pública na primeira sessão virtual da história do Senado, nesta sexta-feira (20/03), demonstrou agilidade. O projeto aprovado pela inovadora votação remota libera o governo a descumprir a meta fiscal de 2020, algo necessário nesse momento de profunda crise, mas que comprometerá ainda mais o Orçamento deste ano.

Manter o Congresso Nacional funcionando mesmo durante a pandemia que desacelerou o país é uma vitória do legislativo. Resta acompanhar se o trabalho será eficaz, e se a população terá meios para cobrar os parlamentares neste novo formato.

Fortalecido à época do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, o panelaço não surtiu o mesmo feito nesta semana. Houve manifestações a favor e contra o presidente, num momento em que o poder público e a sociedade deveriam estar unidos no combate a inimigo comum. Fica o registro positivo para as palmas organizadas pela sociedade civil para agradecer a médicos, policiais, bombeiros e outros profissionais que seguem trabalhando para superarmos esse momento difícil.

Por decisão dos governadores, algumas cidades fecharam todo o comércio, salas de cinema e academias. O governo federal mandou fechar as fronteiras terrestres e analisa formas de conter voos para o Brasil, especialmente nos aeroportos mais cheios, que têm utilizado instrumentos herdados da Copa do Mundo para fiscalizar os viajantes.

Em Brasília, a Esplanada dos Ministérios está vazia. Sem juízes, procuradores e parlamentares. Servidores e comissionados continuam batendo ponto. A imprensa também permanece. Servidores de empresas públicas como os Correios buscam liberação após 10 casos de coronavírus confirmados na sede, em Brasília, e na unidade mais antiga da capital.

Por enquanto, os pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro devem permanecer na gaveta. Uma ideia em discussão é empurrar as eleições municipais para 2022 e usar o dinheiro que seria gasto para tentar conter o vírus que tem mudado a rotina da humanidade.

A semana termina com o brasileiro desejando, ao menos, que Bolsonaro não volte a minimizar a pandemia, e deixe sua excelente equipe atuar para minimizar os seus impactos para a população brasileira.