5 mulheres que lutaram pela liberdade no Brasil

51% da população brasileira é feminina, entretanto, historicamente, o cenário sempre foi muito parecido. Nem sempre mulheres receberam o destaque necessário em suas conquistas, então essa postagem é para te apresentar a história de 5 mulheres que fizeram a diferença na sua época!

1 – Nísia Floresta (1810-1885)

Nísia é o apelido para Dionísia, filha de pai português e mãe brasileira, foi professora, escritora e filósofa. É considerada a primeira professora brasileira a lutar abertamente a favor dos direitos das mulheres.

Começou sua educação no Convento das Carmelitas, em Goiânia, onde aprendeu canto e trabalhos manuais. Seu pai tinha tendências liberais, e, inspirada nisso, Nísia começou a ler os livros da biblioteca do convento sobre o assunto, assim como sobre cultura europeia.

Seu primeiro casamento acontecera aos 13 anos, com um proprietário de terras. Sentia-se infeliz e por isso abandonou o esposo e foi aceita de volta na casa dos pais, apesar de ser socialmente julgada. Meses depois, fugindo dos movimentos separatistas, a família se muda para Olinda.

Aos 17 anos, se envolve com o estudante de direito Manuel Augusto, com quem, anos depois, se casa e tem filhos.

Um ano após o nascimento da primeira filha, Nísia se torna uma das primeiras mulheres a publicar um artigo seu em um jornal brasileiro. Em 1831, ela publica uma série de artigos sobre a condição feminina no jornal “Espelho das Brasileiras”, no ano seguinte faz a publicação do seu primeiro livro intitulado “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”.

As publicações de Nísia são marcadas por denunciarem o estado de inferioridade que as mulheres brasileiras viviam àquela época, a autora lutava contra os preconceitos presentes na sociedade e por igualdade de gênero.

“Não há ciência, nem cargo público no Estado, que as mulheres não sejam naturalmente próprias a preenchê-los tanto quanto os homens.”

Anos depois a autora se especializa em Educação, propondo um modelo voltado para as meninas, em que elas aprendessem as mesmas coisas que os meninos, além de ser voltado para a emancipação feminina.

2 – Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917)

Em tempos de escravidão, Maria Firmina se tornou a primeira romancista negra do Brasil. Aos 22 anos foi a primeira mulher de sua cidade, Guimarães, no estado do Maranhão, aprovada em um concurso para professora. Começava ali sua jornada como escritora. Publicou poesias e ensaios em alguns jornais e revistas locais, até que, em 1859, lançou seu primeiro livro: Úrsula, um romance que mostrava a crueldade da escravidão, relatado pelo ponto de vista dos escravos.

Sua luta abolicionista ficou conhecida no ano de 1887 quando publicou o conto “A Escrava”, que narra a luta de uma ex-escrava no movimento de abolição.

Uma curiosidade interessante é que até hoje não existem imagens precisas sobre a aparência de Maria Firmina, a imagem que é relatada como sendo sua na verdade faz referência a outra pessoa.

Maria morreu aos 92 anos, cega e pobre, sem que sua obra tivesse recebido o reconhecimento necessário. Apenas em 1960 seu livro, Úrsula, foi encontrado no fundo de um sebo e começou a ser reimpresso.

3 – Leolinda Daltro (1859 – 1935)

Um dos elementos base da democracia é o poder do voto, você consegue pensar na possibilidade de não votar? De não ser capaz de manifestar a sua opinião? Imagina não poder fazer isso por causa do gênero que te foi imposto no nascimento? Parece absurdo, mas até pouco tempo atrás as mulheres eram proibidas de votar no Brasil.

A Constituição de 1891 dizia que o voto poderia ser realizado por todos aqueles que tinham mais de 21 anos, porém, na prática, as coisas ficaram um pouco complicadas. Os deputados precisaram intervir sobre aquilo e queriam estabelecer um lei impondo que apenas homens poderiam votar. Nesse ponto da história aparece Leolinda Daltro: professora; mãe; divorciada, juntou suas alunas e começou uma série de manifestações a favor do poder do voto para mulheres.

Em 1910, fundou o Partido Republicano Feminino. Após a legalização do voto feminino, Leolinda concorreu em 1933 para o cargo de deputada federal, não chegou a ser eleita, mas as suas ações foram o motor que impulsionou a eleição da primeira mulher deputada federal: a médica paulista Carlota Queiróz.

4 – Antonieta de Barros (1901 – 1952)

Antonieta lutou por educação de qualidade para os mais pobres, em 1922 fundou uma instituição particular que oferecia alfabetização para população carente.

Em 1934, se candidatou a deputada estadual em Santa Catarina e se tornou a primeira mulher negra a ser eleita deputada na região. Fez um mandato voltado à causas educacionais, entre as suas pautas estiveram: exigir concurso para cargos de magistério, formas de escolha de diretoria para as escolas e concessão de bolsas para alunos carentes cursarem o ensino superior.

Sua luta também foi destaque na imprensa, onde atuou como jornalista escrevendo para jornais e revistas sobre os impactos positivos que a educação causa na sociedade, lutando para que os mais pobres tivessem acesso a uma educação digna e emancipadora.

5 – Bertha Lutz (1894 – 1976)

Bertha foi filha de um importante cientista brasileiro com uma enfermeira inglesa, passou a adolescência na França onde concluiu o ensino médio e fez licenciatura em Ciências. Retornou ao Brasil em 1919 trazendo nas malas o sentimento sufragista.

No mesmo ano fundou a Liga para Emancipação Intelectual da Mulher que lutava para que as mulheres pudessem votar, escolher onde iriam morar e poder trabalhar sem pedir autorização do marido.

Bertha teve seus movimentos inspirados na atuação de Leolinda Daltro – que foi fundadora da primeira escola para enfermeiras no Brasil -, e em 1922, organizou o 1º Congresso Feminista do Brasil, que tinha como objetivo discutir sobre a proteção da mulher no trabalho.

Conseguiu a suplência do cargo de deputada federal e assumiu o posto de deputada em 1936, quando o titular Cândido Pessoa morreu. Seu mandato foi marcado por propostas pedindo condições de igualdade no trabalho para mulheres e menores, licença maternidade de três meses para gestantes e redução da carga de trabalho de 13h para todos