Sem diálogo, trapalhadas de governo e Congresso aumentam com crise de petróleo e coronavírus

GUEDES MAIA

O fracasso da reunião entre a cúpula do Congresso e os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) demonstra, mais uma vez, o clima tenso entre os Poderes. Sem aparente solução, o encontro serviria para buscar caminhos de evitar uma histeria coletiva em torno do Corona Vírus. A ideia era dividir os holofotes entre o Executivo e o Legislativo. Não aconteceu.

A falta de entendimento do governo e do Congresso aumenta à medida em que os resultados práticos da economia derrapam influenciados pelas crises do petróleo e da pandemia de origem asiática. O diálogo escasso entre o Ministério da Economia e o parlamento acaba atrasando as reformas mais importantes deste ano — a administrativa e a tributária.

De um lado, os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), reclamam da lentidão do ME na entrega desses projetos. Do outro, a pasta comandada por Guedes diz que o Congresso tem feito corpo mole para assuntos menos caros aos parlamentares.

Aos assessores mais próximos, Paulo Guedes mostrou-se combalido ao perceber que seu projeto de mudar o Brasil em 15 semanas pode afundar sem a colaboração dos deputados e senadores.

Anualmente, o Ranking dos Políticos faz um balanço dos trabalhos na Câmara e no Senado. Destacamos, entre outras questões, o que chamamos de “qualidade legislativa” — que é como o parlamentar vota em temas importantes para a sociedade.

Um desses assuntos é a concessão do Benefício da Prestação Continuada (BPC), afrouxada pelo Congresso, que derrubou um veto presidencial e causou um gasto de mais de R$ 20 bilhões.