Congresso ainda não apresentou nenhuma medida séria para reduzir seus gastos

O parlamento evita medidas impopulares para a classe política e os servidores, como o repasse de fundos para eleições e a possibilidade de diminuição dos salários das carreiras e dos parlamentares; mas não se acanha em definir os rumos do país nos outros setores.

Na última sexta-feira (03/04), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ignorou um pedido do partido Novo para votação sobre o repasse dos fundos Partidário e Eleitoral — cuja finalidade seria colocar R$ 3 bilhões de reais à disposição do Planalto para medidas de contenção ao coronavírus no Brasil. Maia justificou que o tema não estava correlato às discussões daquela data.

A falta de entendimento em torno dos fundos respinga no pleito municipal deste ano. Sem todos os bilhões de reais destinados às propagandas e financiamento das legendas, alguns partidos parecem não sentir vontade de fazer política. Talvez, muitos não saibam fazer política financeiramente desabastecidos.

Fora da pauta

Responsáveis pela mudança das leis no país, Câmara e Senado ainda não colocaram na pauta nenhum projeto sério para cortar os próprios salários, diminuir benefícios ou, ao menos, dar fim aos excessos (como o tratamento dentário de Marcos Feliciano que custou R$ 157 mil). Ideias segregadas como doações individuais de deputados são válidas e deveriam ser tratadas como exemplo.

O funcionamento do Congresso Nacional custa mais de R$ 1 milhão por hora para o contribuinte, o segundo mais caro do mundo. E acompanha o Judiciário, cujas cifras nababescas também o colocam no topo da lista de gastadores. Salários, planos de saúde, benefícios, carros oficiais. O bolso do contribuinte não aguenta.

Ao pedir que o brasileiro comum abra mão da sobrevivência deixando o comércio de portas fechadas, as fábricas quase sem produção, a tabela de preços ser controlada pelo governo, é o mínimo que os Poderes deem o exemplo. E cortem na própria carne.